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Uma Vida Inventada

Editora Agir (2008)

O ano de 2008 foi um marco na vida de Maitê enquanto escritora. Através do lançamento de “Uma vida inventada”, entra de vez no time de grandes escritores brasileiros. O livro, que traz o relato de uma menina que querendo descobrir o mundo descobre a si mesma, em uma mistura de ficção e memórias, fica em 1º lugar no ranking da Revista Veja, 9 semanas entre os 10 mais vendidos na categoria ficção e tem mais de 100.000 exemplares comprados.
O sucesso cruza fronteiras e, em novembro, Maitê lança “Uma vida inventada” em Portugal. 

 

Orelha do Livro
É inútil tentar separar realidade e fantasia em Uma vida inventada. Em seu segundo livro, Maitê Proença mistura literatura e vida, verdade e imaginação, brincando com o leitor de esconder e revelar. Mais importante do que a realidade é o jogo narrativo em que ela nos envolve. “Eu mesma, no íntimo, sou bastante comum”, revela a autora para, logo em seguida, nos arrebatar com histórias incríveis, valendo-se de uma linguagem extremamente pessoal, às vezes lírica, às vezes dramática. Com muito senso de humor e ironia, ela desfia casos surpreendentes, entremeados com a história de uma menina que quis desbravar o mundo e, descobrindo-o, descobriu a si mesma. 
 
“Neste mundo não há saída: há os que assistem, entediados, ao tempo passar da janela, e há os afoitos, que agarram a vida pelos colarinhos”, escreve Maitê, assegurando que sempre foi do segundo time. Desde que se permitiu viver intensamente, sua vida tem sido assim: um pulo para o infinito. Mas viver intensamente, no caso de Maitê Proença, não significa simplesmente usufruir o que existe de melhor. Significa mergulhar na dor, na alegria, na solidão, no amor e, principalmente, nas descobertas. Intensas, corajosas e, acima de tudo, divertidas, as histórias aqui narradas revelam as personagens reais encenadas pela atriz e reinventadas pela escritora.

 

O Espetáculo da Vida por José Eduardo Agualusa
A vida a todos inventa, mas inventa a uns melhor do que a outros. Maitê Proença, há que reconhecer, foi muito bem inventada. Se existem vidas que desmoralizam a ficção, que a tornam ociosa e ridiculamente frágil - esta é uma delas. 

A matéria de que se faz este livro é pura vida: a vida na sua insensatez arrebatadora, no fulgor do seu mistério - risos, onde se esperava o choro, amor onde era para ser ódio, ódio onde devia estar o amor. Um "relato sobre contradições" no qual Maitê expõe com impressionante coragem a tragédia que lhe destruiu a infância, a sua perplexidade e o seu dividido coração de menina. É com a mesma coragem, com a mesma sinceridade, que reflecte sobre a condição de actriz e de celebridade, sobre sexo, drogas e maturidade. 

"Uma Vida Inventada" desafia todas as classificações: podemos considerá-lo um registro autobiográfico? Sim, sem dúvida, mas também uma recolha de crônicas ou de apontamentos, diário de viagens, e ainda um quase romance, que aqui e ali interrompe o fluxo da memória, e preenche os espaços vazios - aquilo que não poderia ser dito de outra forma - num puzzle perturbador, e que só ao final se resolve. 

"Há nos meus interiores um entusiasmo indelével que me move" - escreve Maitê. É com este entusiasmo que ela arrasta os leitores, desde a primeira frase, dando-nos a ver a alma que se esconde por detrás do rosto que o Brasil inteiro conhece e admira: "Um mês depois de sumir o pai voltou, num susto, como havia partido. O abatimento em seu corpo era indisfarçável. Não que tentasse... Emagrecera de dar aflição e fumava mais do que antes com o olhar perdido nos fundos do pensamento. Que idéias marejavam aqueles olhos de louco?"

Maitê conduz-nos pelos primeiros anos da sua vida, educada numa escola americana, em Campinas - a única menina brasileira! - até à descoberta do sexo, e ao mesmo tempo do Brasil; do amor e da maternidade. Este é o jogo da verdade. Nada se ilude, nada se esconde. Maitê revela-nos a gravidez adolescente, que acontece enquanto desce o Velho Chico, e , finalmente, o encontro com a arte de representar: "Não sei o que faço aqui. Com quem estou falando? Por que essas revelações? Isso de passar a vida interpretando textos de outras criaturas vai abafando a própria voz". Ou ainda, como acrescenta adiante: "Às vezes não sei bem se aquilo que penso é o meu próprio pensamento e se o que desejo é meu querer ou de outro". 

Há ainda as pequenas anedota com outros actores, figuras públicas, companheiros e amigos, que servem para melhor ilustrar um pensamento. Tudo isto servido por uma linguagem elegante, um constante bom humor e auto-ironia, uma inteligência capaz de enxergar e reconhecer os próprios erros. 

Maitê revela-se com este livro um personagem que nenhum escritor desdenharia. Infelizmente (para eles) ela driblou-os a todos, com a mesma energia com que driblou o destino, e veio em pessoa contar-nos a sua história. Uma grande história. 

 

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